Manic Pixie Dream Girl: O estereótipo que Hollywood adora usar e poucos falam sobre.

Alfamax
4 min readFeb 24, 2016

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Já viu um filme de romance, comédia, drama ou comédia romântica onde aparece uma garota diferente das demais, onda há uma áurea positiva sobre ela e você pensa“she’s the one!” ou aquela famosa frase “essa é pra casar!”.

No cinema há um nome para este tipo de personagem e é chamado de Manic Pixie Dream Girl, este termo foi criado pelo crítico Nathan Rabin após fazer uma crítica sobre o filme Tudo Acontece em Elizabethtown, ele usou este termo para descrever a personagem interpretado pela Kirsten Dunst.

Mas como identificar uma personagem assim? MPDG é excêntrica, otimista, utiliza roupas diferenciadas (que muitas vezes refletem a sua personalidade) e ela serve de elemento catalisador do protagonista que por sua vez é depressivo, solitário, inseguro, conformado com sua situação e tem baixa auto-estima. Ela incentiva e ajuda o protagonista a “viver uma aventura”, perseguir seus sonhos e buscar a sua felicidade.

Ele ao final do filme se torna uma pessoa diferente do começo da história graças a ela enquanto a MPDG permanece o mesmo, sendo a personagem dela de certa forma bidimensional, na há muito desenvolvimento dela.

Diane Keaton em Annie Hall (1977)

Escritores adoram utilizar este arquétipo pois muitos homens são inseguros e muitas vezes já sonharam com uma garota que sacudissem suas vidas, enquanto muitas mulheres desejam ser como essas garotas, seja usando roupas descontraídas, pela personalidade excêntrica e pelo fato delas serem felizes e não se preocuparem muito com os problemas do dia-a-dia.

Para falar de exemplos notáveis podemos citar a Sam (Natalie Portman) em Hora de Voltar (2004), Penny (Kate Hudson) em Quase Famosos (2000), Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) em Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010), Kim (Rachel Bilson) em Um Beijo a Mais (2006), Clementine (Kate Winslet) em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004) e Tiffany (Jennifer Lawrence) em O Lado Bom da Vida (2012).

Ramona Flowers em Scott Pilgrim Contra o Mundo

E claro, não pode ficar de fora a rainha deste arquétipo que é a Zooey Deschanel, todos (ou quase) papéis que ela interpreta são deste tipo de personagem. Sim, Senhor (2008) e 500 dias com Ela (2009) são alguns exemplos e claro, não pode falta o seriado New Girl onde ela é a protagonista. Zooey é a personificação ideal deste personagem e como se não bastasse, ela ainda canta (A maioria das vezes de forma cômica).

Essa é a garota que qualquer cara se apaixonaria (hahaha)

Por ser um estereótipo, obviamente este arquétipo seria motivo de diversas controvérsias, muitas mulheres afirmam que este tipo de personagem só serve para trazer felicidade ao protagonista (homem), ou que são superficiais inclusive alegam que isso faz com que a história seja sexista ou misógina pois estas personagens, de acordo com elas, apenas servem para o desenvolvimento do protagonista.

Polêmicas a parte, a Manic Pixie Dream Girl é um arquétipo assim como Femme Fatale também é, existe isso não só com personagens femininas como também outros tipos de personagens masculinos, clichês são cansativos porém se bem usados podem vir funcionar na história e nisso há casos curiosos que valem a pena ser citados.

John Green é um escritor que adora utilizar este tipo de personagens em suas histórias. Em A Culpa é das Estrelas (2014) Gus é o personagem catalisador da Hazel, é curioso pois desta vez foi utilizado um homem para fazer este tipo de personagem.

Em Cidades de Papel (2015), Margo é a responsável por fazer isso, porém não funcionou, seja porque houve pouco “tempo de tela” da personagem, por conta da atriz ou outros fatores.

Em breve haverá a adaptação cinematográfica de Quem é Você, Alasca? e mais uma vez teremos uma personagem assim.

Existe o caso de Her (2014) em que a MPDG é uma inteligência artificial, então é justificável que não há desenvolvimento desta personagem, não só isso como também ela é bem executada com apenas a voz da Scarlett Johansson.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001) é o longa onde a protagonista é uma MPDG, neste ela não só muda a vida do homem com quem se apaixona como também de outras pessoas a sua volta.

E por último, mas não menos importante é o caso do Curtindo A Vida Adoidado (1986) do qual o Ferris Bueller é o Manic Pixie Dream Boy do Cameron, mostrando que não é necessário um romance para isso e sim uma boa amizade basta.

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Alfamax

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