No último texto, fiz uma análise da luta entre Ichigo e Byakuya, expondo o conflito de ideais entre os dois personagens, o protagonista como um rebelde que desafia toda uma instituição tradicional para salvar a vida de uma amiga injustamente foi condenada a morte e um antagonista que é a maior representação do status e da força que as leis dessa instituição possuem.
Desta vez, será apurado em detalhes outra luta icônica da franquia, a qual dois seres poderosos produzem um embate de uma dimensão até então nunca mostrada na obra.
Por muitas vezes, o Arco Arrancar sofre críticas pelos detentores de Bleach em virtude desta, de acordo com eles, ser uma “cópia” do Arco da Soul Society, resumindo-se em mero auto plágio do autor.
De fato, não há como negar as variadas semelhanças entre os dois arcos, porém está muito enganado quem subestima a história a estas colocações, haja vista que embora ambos possuem a mesma estrutura no roteiro, o Arco Arrancar apresenta conteúdo, discussões e resoluções diferentes, o que muito ultrapassa o rótulo de “cópia”.
Sabe que obras como Matrix, Harry Potter e Star Wars possuem a mesma estrutura de roteiro, isto é, a clássica jornada do herói exposta no livro O Herói de Mil Faces de Joseph Campbell, porém é inegável que são três histórias diferentes.
Assim, o propósito deste texto é demonstrar isso, bem como decodificar a história que Tite Kubo quis contar.
Breve contexto histórico.
Karakura é invadida por dois Espadas (facção criada por Aizen composta pelos dez Arrancars mais poderosos), Yammy e Ulquiorra Cifer, ambos a procura de Ichigo Kurosaki para avalia-lo se é forte o bastante para atrapalhar os planos de Aizen. Ainda que Ichigo tenta impedi-los, seu plano falha no momento em que seu “lado demoníaco” começa a interferir na luta para tomar controle sobre seu corpo.
Antes de enfrentar Yammy, o hollow de Ichigo só havia aparecido quando o protagonista estava na iminência de morrer nas lutas contra o Zaraki e depois contra o Byakuya.
Vendo os seus amigos feridos e sem poder fazer nada, Ichigo fica abalado por sua impotência e fica até com medo de lutar. Consequentemente, o arco desencadeia uma série de conflitos do Ichigo com o seu poder hollow para decidir quem deverá estar no comando. Em um primeiro momento, o protagonista vence e obtém os poderes hollow com a ajuda dos Vaizards, porém tudo vai por água abaixo quando o herói enfrenta Ulquiorra, o qual levará o protagonista a tamanho limite que não restará outra alternativa a não ser virar um monstro.
Sobre os dois personagens.
Quando Ichigo resolve enfrentar o seu “demônio interno” para deter controle de si e ficar mais forte, seu lado hollow comenta que a diferença entre o rei e o cavalo que ele monta está no instinto, destacando que é o instinto que faz alguém querer ser mais forte, aniquilar seus inimigos e subir ao topo.
Até então, Ichigo sempre precisou de motivação para lutar, porém para obter controle sobre seu lado hollow e poder usar a máscara como os vaizards, ele precisou aceitar seu instinto e o fato de que seu espírito é de um lutador, pois só assim conseguirá ser mais forte.
No arco, é apresentado que aos poucos Ichigo vem regredindo e se aproximando ao seu lado hollow. Nesse sentido, há um momento interessante em que o Grimmjow deu um choque de realidade no protagonista ao falar que ele não veio ao Hueco Mundo para resgatar Inoue, pois se fosse, já teria fugido com ela, mas sim decidiu ficar no lugar e lutar contra os arrancars.
Pelo lado, Ulquiorra Cifer é o personagem mais melancólico de toda série, podendo ser definido como a representação do niilismo na obra. Registre-se que o niilismo é uma doutrina filosófica a qual se baseia no pessimismo e ceticismo extremo perante convenções sociais e valores morais.
No capítulo 356, Barragan (Espada nº 2) revela a Soi Fong que todos os Espadas possuem domínio sobre um aspecto da morte, sendo dez formas diferentes que levam um ser humano ao seu fim. Ao Ulquiorra foi dado “vazio” como aspecto de morte.
Logo, entende-se que o niilismo de Ulquiorra é o existencial, porque ele não vê razão e sentido para a vida humana.
Para ele, nenhum esforço, dedicação e vontade possui algum valor se não puder alterar o resultado. Seu pensamento segue a linha de raciocínio que “se eu vou morrer, por que devo continuar vivendo? Por que devo criar amizades ou emoções se ao final tudo isso irá acabar?”
Na oneshot de Bleach Unmasked, é mostrado a origem de Ulquiorra, como um ser incapaz de se conectar com outros, um ponto branco em meio a vários pontos pretos, incapaz de ouvir, comer, sentir, cheirar e dormir, uma verdadeira casca vazia que apenas vagava e observava.
E por causa desse jeito de ver as coisas que Ulquiorra fica constantemente questionando Ichigo e Orihime, ele sabe que Aizen é mais poderoso e que os invasores do Hueco Mundo não possuem chance de vencê-lo, então ele desdenha e critica todo esforço e luta dos personagens, assim como busca reafirmar a todo tempo para Inoue que todos seus amigos morrerão e que ela já é uma serva do Aizen.
Outro detalhe é que todos os Espadas possuem algum tipo de aliado, pois a maioria deles têm capangas arrancars chamados de fraccions, Yammy que, apensar de matar qualquer um que apareça na sua frente, tem um cachorro ao seu lado, Aaroniero possui duas cabeças e Coyote Starrk retirou uma parte de si porque se sentiu muito solitário. Zommari Rureaux poderia parecer uma exceção, mas apesar de estar sozinho, ele pode “criar” um clone através de seu sonido, então tecnicamente ele não está só.
No entanto, Ulquiorra Cifer é o único Espada que não tem ninguém ao seu lado, a falta de um coração faz com que deixe de criar laços com qualquer um. Ele é frio, racional, uma casca vazia que não possui emoções ou desejos.
Repare que o buraco do Ulquiorra fica localizado um pouco acima do peito, abaixo da garganta, porém a medida que ativa sua resurréccion, o buraco muda-se para o peito do arrancar, simbolizando a sua falta de coração. Quando Cifer acaba com seus oponentes, ele perfura o peito do inimigo, fazendo um buraco idêntico ao que ele possui, demonstrando que Ulquiorra destruiu o coração, tanto fisicamente quanto figuramente.
O papel da Orihime no conflito.
Da mesma forma como Rukia serviu como ponto central do embate entre Ichigo e Byakuya, Orihime Inoue é o elo que liga o protagonista ao Ulquiorra, todavia, no primeiro a história buscou narrar o conflito de ideais de cada um, sobre manter disciplina e cumprir as regras ou ter um próprio senso de justiça e proteger aquilo que achar mais precioso, ao passo que no Arco Arrancar foi mostrado uma luta mais pessoal e visceral, em que todos os personagens envolventes são “quebrados”, mas cada um passou por caminhos diferentes e chegou a resultados diferentes.
Pelo lado da Orihime, desde a invasão de Ulquiorra e Yammy em Karakura, Inoue se sentia impotente e inútil, visto que não pode proteger o Chad quando lutou contra Yammy, não pode animar o Ichigo como a Rukia fez e quando quis lutar ao lado de seus amigos, Kisuke Urahara lhe jogou um balde de água fria ao dizer que ela deveria ficar de fora da batalha. No entanto, as coisas mudam de rumo quando ela é levada para o Hueco Mundo.
Antes de examinar o papel da Orihime na luta, muitos (cofcofidiotascofcof) acreditam que ela deveria fazer um par romântico com Ulquiorra, porém em nenhum momento da obra há um indício de romance entre os dois, não passando de um fruto imaginário mal interpretado. Aliais, bastando um pouco de atenção na leitura da obra (ou até mesmo assistindo o anime), percebe-se que seria um absurdo qualquer construção romântica entre os dois personagens.
Para deixar isso ainda mais claro, listei uma série de mazelas sofridas pela Orihime Inoue em razão de atitudes do Ulquiorra ou consequência de atos feitos por ele. Vejamos:
- No capítulo 234, coercitivamente ordenou que Orihime o seguisse, ameaçando matar ela e todos aqueles que são próximos a ela caso não colaborasse com ele.
- No capítulo 237, “autorizou” ela a se despedir de apenas uma pessoa, porém sem que ela saiba.
- No capítulo 241, manteve ela em cárcere privado, em um outro mundo (Hueco Mundo), impossibilitada de ver todos que conhece.
- Nos capítulos 247–248, fez abuso psicológico ao contar para ela que seus amigos vieram ao Hueco Mundo para salvá-la para então fazê-la reafirmar que virou serva de Aizen. O Ulquiorra no capítulo seguinte chega a contar para Nnoitra como fez Orihime ficar em uma prisão psicológica e achar que ela traiu os amigos.
- No capítulo 262, após Chad ter sido atacado por Nnoitra, Ulquiorra fez questão de ir a cela de Orihime para contá-la do fato (jogar sal na ferida), afirmar que todos os amigos dela serão mortos e que ela deveria estar com raiva deles tentarem salva-la, o que a fez dar um tapa na cara dele e chorar de desespero em seguida.
- No capítulo 270, Orihime entra em desespero ao sentir a reiatsu de Rukia enfraquecer após derrotar Aaroniero e estar perto da morte, porém ela não pode sair do lugar por estar em cárcere privado.
- No capítulo 272, Orihime sofre agressões de duas arrancars que sentiram inveja do “tratamento” que Inoue recebeu.
- No capítulo 348, Ulquiorra mata Ichigo, a pessoa que ela mais ama, na frente dela.
Se você acha que os dois ainda devem formar um casal depois disso, releia a obra ou procure tratamento.
Mas por que ele fez isso tudo a ela? Orihime é o exato oposto do Ulquiorra, ela é a personagem que mais apresentou emoções durante a obra, ela não enxerga apenas aquilo que está na frente dela como o arrancar, pois tenta sempre observar o que as pessoas a sua volta estão sentindo, como todas as vezes que observou Ichigo e sabia como ele era por dentro.
Nessa sequência, por Orihime ser o oposto dele, Ulquiorra se esforça para quebra-la, para impor sua filosofia e comprovar que sua visão ceticista e amoral está correta, mas Inoue se mantém forte mesmo quando ele coloca a mão em seu peito e afirma que irá arrancar o coração dela.
Porém, foi no ato de ver quem ela mais ama morrer na frente dela e ela ser incapaz de curá-lo que finalmente quebrou Orihime.
Ulquiorra saiu vitorioso, mas sua conquista foi bem curta, uma vez que ao quebrar Orihime, ela em prantos pediu por socorro ao Ichigo, o qual encontrou forças para acaba-lo.
O hollow, ao ver que Inoue ainda se manteve firme, não sentindo medo ou repulsa dele (porque este é o jeito dela de ser), entendeu o que é o coração da qual os personagens falavam, eram os laços formados entre as pessoas que dão sentido a vida. Orihime é a representação do “coração” que ele tanto criticou e desdenhou na obra, quando ele estende a mão para ela em seus momentos finais é como se ele estendesse a mão para o coração que ele finalmente conseguiu compreender do que se tratava.
Curioso que embora a Orihime se sentiu inútil e fraca no início do arco, desde quando chegou ao Hueco Mundo, a obra mostrou que ela é exatamente o oposto, porquanto Aizen explicou a todos o quão absurdo são os poderes dela, Inoue foi capaz de regenerar o braço do Grimmjow, Ulquiorra descreveu ela como uma “mulher forte” após pressioná-la a declarar sua lealdade a Aizen, ainda que sabendo que seus amigos vieram salvá-la, assim como foi chamada de “monstro” pela arrancar que a agrediu, uma vez que a hollow viu os poderes dela em atividade.
No lado do Ichigo, vale lembrar que, dentre todos os personagens de Bleach, Orihime é a pessoa que mais observa o protagonista e percebe o que ele está sentido. Toda a obra mostrou isso, portanto, quando ela viu Ichigo de máscara na luta contra o Grimmjow, ela não ficou apenas assustada porque aquela cena lembrou do momento em que ela viu o irmão dela como hollow no começo do mangá, mas também porque está vendo a pessoa que ela ama se perder aos poucos, se transformando no monstro que ele mesmo está tentando derrotar.
Todavia, diferente do que Grimmjow afirma para Ichigo, Orihime é mostrada como a força motriz do protagonista. Se Rukia Kuchiki é para o Ichigo a pessoa que lhe ajuda nos momentos difíceis (seja quando transferiu seus poderes no primeiro capítulo, quando levantou a moral após perder perder a luta contra Yammy ou quando recuperou seus poderes após ser traído por Ginjou), Orihime Inoue é a mulher que o faz querer ser mais forte, pois foi ao ver Inoue ferida que fez Ichigo buscar ajuda com os vaizards, foi Ulquiorra mencionar Orihime que despertou a raiva dele para partir para luta, foi no momento da Inoue torcer para ele e pedi-lo para parar de se machucar que fez Ichigo vencer Grimmjow e quando ouviu chorando e gritando de desespero que fez o Ichigo virar vasto lorde (bem como foi Orihime quem Ichigo escolheu para lutar ao lado dele no último arco, pois ela desperta o lado mais forte do protagonista).
Outrossim, no começo da luta entre Ichigo e Ulquiorra, o protagonista finalmente conseguiu acompanhar o arrancar na luta e quando o hollow foi comentar sobre a evolução de Kurosaki, ele indagou se Ichigo ficou mais forte por causa da Inoue.
Sobre a luta em si.
Quando Ichigo enfrentou Byakuya, foi possível observar o progresso do protagonista nos três encontros, porém em todas as vezes que ele se encontrou com Ulquiorra, o arrancar facilmente levou vantagem, o que apenas agravou o sentimento de Kurasaki de ansiedade, ficar mais forte e agir mais irracionalmente (Não apenas o Ulquiorra, mas as duas vezes em que ele enfrentou Grimmjow antes de lutarem no Hueco Mundo o hollow o venceu).
Destaque para o terceiro encontro, o qual Ichigo explode de ira e ataca Ulquiorra após o hollow contar que ele trouxe Orihime para o Hueco Mundo, no entanto, assim como as demais situações, Kurosaki é humilhado pelo arrancar, que ao final perfurou seu peito com a mão, cena que se repetirá quando os dois se enfrentarem novamente, porém com Ulquiorra desferindo um cero no lugar.
No começo do quarto (e definitivo) conflito, Kurosaki conseguiu ler os movimentos do Ulquiorra mesmo sem a máscara e isso gerou uma fala do protagonista que sintetizou muito bem os rumos que este embate iria tomar:
Da última vez, eu não conseguia ler nenhum de seus movimentos. Ataque, defesa, reações, direção, velocidade…Era como se eu estivesse lutando contra um robô ou uma estátua. Mas eu consigo agora, ou foi porque eu me tornei mais hollow ou porque você se tornou mais humano. (Ichigo, capítulo 341)
E foi graças a essa fala e ao fato da Orihime ter protegido o Ichigo de um golpe fatal, que fez o Ulquiorra ficar incomodado, pois ele estava certo de que Inoue não levantaria o dedo contra ele e acreditava que já havia convertido ela por completo.
Além disso, o arrancar fica ainda mais incomodado quando, mesmo apanhando bastante e sabendo que não tem chance alguma de lutar, Ichigo continua lutando e visando a vitória, porque sabe que tem o dever de vencer.
Vendo que não conseguiu quebrar o protagonista de vez, Ulquiorra decide liberar a sua segunda resurréccion, a fim de trazer desespero ao Kurosaki. O vilão ainda chega a debochar e criticar insistência do herói em lutar.
Consequentemente, Ulquiorra decide destruir e matar o protagonista na frente da Orihime para quebra-la a fim de provar que todo esforço é inútil se incapaz de alterar o resultado.
Porém, ao chegar no ponto mais baixo e crítico, o lado hollow do Ichigo cumpriu com a sua palavra e assumiu o comando. O herói deixou de ser humano para se transformar no próprio monstro que o havia matado.
E da mesma forma que Ulquiorra teve facilidade para acabar com Ichigo, o vasto lorde que tomou conta do corpo do protagonista com pouco esforço matou o arrancar. Durante a luta, o arrancar nota que além da aparência, essa nova forma do Kurosaki possui todas as características de um hollow: sonido, cero e regeneração em alta velocidade.
Ao ser no chão, prestes a ser morto por pelo demônio que tomou o corpo do protagonista, Ulquiorra aceita sem contestar sua derrota e aguarda o seu fim, uma vez que este é o seu jeito de ser até então.
Entretanto, quando viu como alguém sem coração (tanto na literalidade quanto figuramente) de fato agia, percebeu o que é de fato ter um coração, visto que essa nova forma do Ichigo age por puro instinto como uma besta e não se importa com os seus companheiros, pois logo após se transformar, pegou na espada e não se importou com a Inoue, a qual foi jogada para o lado pela onda de choque, como também não teve receito em apunhalar Ishida com sua espada.
A escolha dos chifres como representação da forma hollow de ambos os personagens não foi escolhido aleatoriamente, pois chifres são utilizados como armas pelos animais e simbolizam força e agressividade. Porém também vale lembrar que no folclore japonês, os chifres são características da aparência de um demônio/ogro (Oni), bem como na cultura ocidental os chifres também estão associados a demônios.
Quando retornado aos seus sensos, Ichigo fica chocado com o estrago que fez, não apenas no Ulquiorra, mas como deixou Ishida ferido e Orihime atordoada. Acontece algo semelhante ao da luta contra o Byakuya, pois após o lado hollow do protagonista levar larga vantagem sobre o oponente, Ichigo não aceita isso, ele quer vencer o seu inimigo, mas estando plenamente consciente e com controle sobre si. Quando lutou contra Kuchiki, foi possível que ambos retornassem a luta para um último golpe, porém desta vez é tarde demais, ainda que Kurosaki ofereça seu braço e perna, o estrago já foi feito.
Ao final, Ichigo conseguiu vencer a luta, mas não teve nenhuma sensação de vitória, porque para isso ele teve que se sucumbir a seu demônio interno e virar um monstro, colocando até em risco a vida de seus companheiros.
Ichigo veio para Hueco Mundo para salvar e resgatar Orihime, no entanto quase jogou tudo isso fora quando, na forma de vasto lorde, tentou atirar um cero em direção a ela e ao Ishida. Em verdade, foi o Ulquiorra que acabou salvando os amigos do protagonista no final e isso acabou tendo um gosto amargo, pois quando Ichigo retornou a Karakura, teve receio e medo de lutar novamente, de maneira que o protagonista somente alcançará a paz e o controle dos poderes (almas) internos no último arco.
Conclusão.
Um detalhe importante é que, desde que ambos saíram do palácio de Las Noches, toda a luta é narrada, em sua grande maioria, na perspectiva do Ulquiorra. Pouco é revelado para leitor o que o Ichigo está pensando, ele fala bem pouco na cena, todavia, Ulquiorra torna-se bastante tagarela (como o protagonista até relata em um momento) e a todo momento é mostrado os seus pensamentos internos.
Pode-se dizer que não houve vencedores por completo nesta batalha e sim um resultado agridoce, porquanto Ulquiorra embora tenha compreendido o que seja o coração e tenha deixado de ser uma casca vazia, já era tarde demais, Ichigo conseguiu vencer seu inimigo e assegurar o resgate de Inoue, porém colocou isso em risco quando virou vasto lorde e perdeu a batalha interna contra seu lado hollow, e Orihime conseguiu retornar para seus amigos e ver seu amado voltar a vida, porém, assim como Ulquiorra havia falando, todos os esforços dela tornaram-se inúteis, uma vez que ela foi incapaz de curar o Ichigo e impedi-lo de virar um monstro quando mais precisava.
Em suma, o Ulquiorra, de modo semelhante ao que aconteceu com Byakuya, teve seu momento de “redenção” no final, ao passo que Ichigo se viu perdido e sem controle, isto é, Ulquiorra teve uma progressão em seu personagem (foi para cima), enquanto Ichigo regrediu (foi para baixo).